por Marília Fiuza
“Nosso grande medo não é o de que sejamos incapazes.
Nosso maior medo é que sejamos poderosos além da medida. É nossa luz, não nossa escuridão, que mais nos amedronta.
Nos perguntamos: "Quem sou eu para ser brilhante, atraente, talentoso e incrível?" Na verdade, quem é você para não ser tudo isso?...Bancar o pequeno não ajuda o mundo. Não há nada de brilhante em encolher-se para que as outras pessoas não se sintam inseguras em torno de você.
E à medida que deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas permissão para fazer o mesmo".
(Nelson Mandela. Discurso de posse, em 1994).
Esse discurso sempre me intrigou desde o dia que o li. Tinha medo do fracasso, de não ser capaz ou de não corresponder ao que se esperava de mim. Já enfrentei também o medo de não ser forte o suficiente, de não ser competente o bastante ou de não ter a sabedoria necessária. Muitos medos já senti e muitos já superei. Mas as palavras de Nelson Mandela falam de um outro medo que não imaginava o quanto ele poderia impactar na minha vida: MEDO DA MINHA GRANDEZA, MEDO DO MEU BRILHO. Resolvi então me aprofundar e maravilhosas descobri...
Alguns psicólogos humanistas nos trazem o termo “Complexo de Jonas”, baseado na história do personagem bíblico que renegou sua dimensão espiritual. Fugiu da sua identidade, do desconhecido de si mesmo, do seu chamado, da sua missão. Ele teve um medo todo particular...medo de ser diferente, especial. Ele teve medo da sua grandeza, do poder que nele havia. Deus o chamava: “Levanta-te, desperta!” mas ele insistia em permanecer deitado, adormecido, sem querer ouvir aquela voz interior que o convidava a ir mais longe.
Complexo de Jonas refere-se, portanto, a esse “medo da nossa própria grandeza e das exigências que dela decorrem” (Leloup, Jean-Yves). E não é suficiente reconhecer o que há de grande e divino em nós. Temos que questionar o que esta divindade quer manifestar através da nossa vida. Quando a pressentimos, às vezes preferimos não saber, fugindo, neste caso, da essência do nosso ser.
E quando recusamos nosso ser essencial, infelicidade e desequilíbrio são alguns dos sintomas. Não adianta lutar em resistir Àquela voz que nos chama a sermos maior. Quanto mais dela nos escodemos na ilusão de alcançarmos a paz, mais perturbação sentimos.
E quando Jonas tentou fugir, pegou um barco na direção contrária. Consequência? Veio uma tempestade que atingiu a ele e a todos que o acompanhavam no barco. Assim acontece conosco, quando recusamos nosso ser essencial e fugimos da nossa grandeza interior, provocamos uma tempestade tanto em nós quanto fora de nós, atingindo todos os que conosco seguem no barco das nossas vidas.
Aprendi também que não devo ter medo de ter medo. Posso fazer dele um instrumento de crescimento, de evolução e de descoberta do desejo que há por trás daquilo que temo. Não há desejo que não traga consigo um medo. Desejo e medo são muito interligados. “As vezes temos medo do que desejamos e desejamos o que nos faz medo” (Leloup, Jean-Yves). Para ir além de mim mesma e aceitar esse ser brilhante que sou, preciso por primeiro aceitar o ser limitante que sou, cheia de medos e incertezas.
O Complexo de Jonas refere-se portanto ao MEDO DO SUCESSO. Freud explica que o sucesso muitas vezes gera um sentimento de culpa como se estivéssemos humilhando alguém, podendo produzir até um sentimento de melancolia ou desânimo. No momento em que vamos vencer, inconscientemente corremos o risco de nos sabotarmos para provocarmos o nosso próprio fracasso. Para Karen Horner “o medo do sucesso resulta do medo de suscitar inveja ou ciúmes nos outros, com perda consequente do seu afeto”.
Aprendi finalmente que não vale a pena ter medo da nossa própria grandeza, do nosso brilho nem do nosso sucesso. A Voz que nos chama pode trazer em si exigências que nos pareçam pesadas. Pode ser também que venhamos alguém incomodar, mas o peso da negação de nós mesmos é certamente mais pesado que todos os sacrifícios e exigências que nossa grandeza nos traz. E o incômodo do nosso brilho servirá de convite para que os outros também se permitam brilhar. Portanto, convido você a não ter medo do ser que você virá a ser!!!! Certamente atrás do seu medo de ser alguém brilhante, talentoso e incrível há um coração simplesmente com um desejo sincero de fazer diferença nesse mundo e deixar sua contribuição.... E o único caminho que temos para deixar nossa melhor contribuição nessa vida é pela fidelidade à Voz que nos chama. Sucesso!!!
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